Fundação do Câncer apoia novas diretrizes para o rastreamento do câncer do colo do útero e incentiva participação na consulta pública

3 de dezembro de 2024

Está aberta até o dia 9 de dezembro a consulta pública nº 75/2024, da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), para as novas Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. Entre as diversas recomendações apontadas, está a adoção dos testes moleculares para detecção de DNA-HPV para o rastreamento da doença, método mais efetivo que o exame de Papanicolaou, recomendado atualmente. As contribuições podem ser enviadas através da plataforma Participa + Brasil.

Uma das estratégias preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a erradicação do câncer do colo do útero é que 70% das mulheres em todo o mundo sejam submetidas regularmente a um teste de alto desempenho, como o teste molecular para detecção do HPV. Diversos estudos científicos corroboram que o rastreamento com testes moleculares é mais eficiente na identificação de lesões precursoras desse tipo de câncer. Atualmente, o método recomendado no Brasil para o rastreamento do câncer do colo do útero é a citologia, conhecida como teste de Papanicolaou.

Flávia Miranda Corrêa, consultora médica da Fundação do Câncer, ressalta que o teste molecular possui maior sensibilidade e interpretação precisa. “Entre as vantagens estão o maior intervalo entre os exames, maior detecção de lesões precursoras e câncer em estágio inicial e, principalmente, menor custo do tratamento, tornando o programa de rastreamento mais eficiente”.

O câncer do colo do útero continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública para as mulheres no Brasil. Para cada ano do triênio 2023-2025, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima a ocorrência de 17.010 novos casos da doença. De acordo com o órgão, esse tipo de câncer representa o terceiro mais incidente em mulheres no país. O risco é ainda mais preocupante nas regiões Norte e Nordeste, onde o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente entre mulheres.

“Infelizmente, a maioria dos casos no Brasil é diagnosticada já em estágio localmente avançado, quando as chances de cura são menores. Diante desse cenário, o câncer do colo do útero representa não apenas um desafio significativo, mas também uma oportunidade para implementar ações de controle efetivas. Esse câncer pode ser prevenido tanto pela prevenção primária, com a vacinação contra o HPV, quanto pela prevenção secundária, por meio do rastreamento e diagnóstico precoce”, comenta a especialista, que é doutora em Saúde Coletiva da Criança e da Mulher pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

Apoio às novas diretrizes

A Fundação do Câncer, que tem como um dos pilares a eliminação do câncer do colo do útero, tem participado ativamente das discussões em torno da incorporação do teste molecular de DNA-HPV como método principal de rastreamento da doença. Essa abordagem, mais sensível e eficaz do que o exame de Papanicolaou, reflete as melhores evidências científicas disponíveis e é recomendada por diversos países que já observaram avanços significativos na redução da incidência e da mortalidade pela doença.

Para participar da consulta pública é necessário ler o relatório de recomendações, preencher um formulário de cadastro e enviar a sua contribuição. Após a data de encerramento, a Conitec irá analisar os comentários e publicar a recomendação final.

O link da Consulta Pública Conitec/SECTICS nº 75/2024 é https://www.gov.br/participamaisbrasil/consulta-publica-conitec-sectics-n-75-2024-db-cancer-colo